O homem invisível #1


O Pedro lembrou-me noutro dia de uma viagem que fizemos a Sevilha. Foi deboche total: xerez para abrir o apetite, jamón esquina sim, esquina não, paella porque estamos na terra dela e um mogollón de conas ansiosas por picha lusa. Tudo parecia tão fácil. Era como se fôssemos dois mártires no paraíso mouro e as nossas 72 virgens à disposição. Íamos a trabalho, mas aquele calor andaluz tinha-nos transformado em libertinos da pior espécie. Como se diz por ali, no teníamos dos dedos de frente. Ora, quem precisa de dois dedos de testa se está com os tintins maiores do que o nabo? Naquela idade, a fome é sempre muita. Por muito que se coma...

Não vou aborrecer-vos com putaria que não ficou para a história. Mas deixem-me contar-vos sobre a madrugada em que o Pedro me ligou, a suplicar que fosse ao quarto de hotel dele. "Tenho aqui uma exibicionista. A tipa diz que só fode se estiver alguém a ver-nos." Parecia gozo, mas não era. E se um amigo meu quer gozar em boca alheia, não vou ser eu o estraga-fodas. Além disso, há taras piores. Conheci uma que gostava de ser esbofeteada na cara com o caralho. Conheci uma outra que só atinge o orgasmo quando ouve os seus próprios joelhos estalarem de dor enquanto cavalga no vergalho.

Quando entrei no quarto, dei de caras com uma morena de cair para o lado. Estava sentada na borda da cama, nua, à espera de público, feita cara-de-pau. "É cubana. Linda de morrer, não é?" Era! Saquei um bourbon do minibar e atirei-me para o sofá do canto, fodido da vida por não ser eu a comer a gaja. A Linnette, que quer dizer graça na terra dos irmãos Castro, era católica. Percebia-se pelo número de vezes que chamava por Deus quando o meu amigo forçava a entrada naquela cona. "Dios mio", gritava. "Oh, si cariño", guichava. Não havia santo que lhe valesse.

[continua...]
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8 comentários:

  1. Devias ter completado o trio maravilha ;)

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  2. E tu nesse exato momentos lias os blogues seguidores...mas que interessante! :D

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    1. nessa altura lia os clássicos: nabokov, sade, anais nin, henry miller... mas confesso que não sei o alcance do teu comentário

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  3. "ser esbofeteada na cara com o caralho!" lembrei de mim! ai; pára, seu pervertido!!!

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