Cantigas do bandido #7

Estou ainda a recuperar das 48 horas de deboche. Deve ser da idade... Decidi, por isso, sacar um poema de um brasileiro que não ligava um caralho à métrica. Gozem!


Sem que eu pedisse, fizeste-me a graça
de magnificar meu membro.
Sem que eu esperasse, ficaste de joelhos
em posição devota.
O que passou não é passado morto.
Para sempre e um dia
o pênis recolhe a piedade osculante de tua boca.
Hoje não estás nem sei onde estarás,
na total impossibilidade de gesto ou comunicação.
Não te vejo não te escuto não te aperto
mas tua boca está presente, adorando.
Adorando.
Nunca pensei ter entre as coxas um deus.

de Carlos Drummond de Andrade
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