cantigas do bandido #27


Faço uma pausa na minha maratona de badalhoquice para vos contar que ontem papei uma que tinha uma matagal maior do que o Pantanal. Ao tocar-lhe, fiquei apreensivo. Não sabia o que poderia encontrar naquela floresta de pentelhos. Mas quando comecei a capinar caminho à piçada, abriram-se para mim paisagens fantásticas. Lembrei-me do que escreveu o brasileiro Bráulio Tavares:

Poema da buceta cabeluda


A buceta da minha amada
tem pêlos barrocos,
lúdicos, profanos.
É faminta
como o polígono-das-secas
e cheia de ritmos
como o recôncavo-baiano.

A buceta da minha amada
é cabeluda
como um tapete persa.
É um buraco-negro
bem no meio do púbis
do Universo.

A buceta da minha amada
é cabeluda,
misteriosa, sonâmbula.
É bela como uma letra grega:
é o alfa-e-ômega dos meus segredos,
é um delta ardente sob os meus dedos
e na minha língua
é lambda.

A buceta da minha amada
é um tesouro
é o Tosão de Ouro
é um tesão.
É cabeluda, e cabe, linda,
em minha mão.

A buceta da minha amada
me aperta dentro, de um tal jeito
que quase me morde;
e só não é mais cabeluda
do que as coisas que ela geme
quando a gente fode.
podes partilhar:

1 comentário:

  1. Já transei assim... Onde o prazer do gozo se mistura ao ciclo natural.. Tudo é corpo...

    ResponderEliminar