a última esporradela


[continuação]

Quando me esporrei naquele rosto com sardas, percebi que não voltaria a fodê-la. Talvez seja ridículo. Sei que é ridículo. O facto é que naqueles grandes olhos verdes estava escrito "foi a última vez que te vieste em mim".

O leite, morno e viscoso, escorre pelo lado direito do nariz, ela sorri, lambe os lábios, beija a cabeça inchada do meu caralho ainda a latejar e veste-se com a serenidade de quem sabe que aquilo era o fim. Não que eu queira o afecto dela. Não estou à espera que se aniche no meu peito e me sussurre palavras apaixonadas. Cruzes-canhoto! Não anseio por trancadas na posição de missionário, fingindo que gosto de fazer amor e não de foder.

Não estou à procura de uma que finja ser séria e não uma daquelas rameiras que gosta de ser arrombada à canzana. Foda-se!


Ela levanta-se, limpa a boca com as costas da mão, inclina-se e beija-me na bochecha. Parece um ritual de despedida. É definitivamente um adeus. Puxa as minhas calças até às ancas e fecha a braguilha, enquanto eu admiro aquelas longas pestanas e imagino como seriam os nossos filhos. Nunca me tinha acontecido. Imaginar descendência é tão lamechas que dói. Pior: no caso dela, é de uma cretinice pegada. Vai ser mãe em maio e o pai da criança é vizinho do bruxo de Fafe.
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