cantigas do bandido #30


Gosto de peidas. Gosto de apreciar peidas, apalpar peidas, espevitar peidas, papar peidas... Já não gosto de peidos. Excepto peidos da cona. O que eu não gosto é de peidos da peida. E não é porque parece a versão masculina da peida. Não. É porque se trata do mais poderoso e nauseabundo estraga-fodas do universo. Eu explico. Quando um gajo fode, não está à espera que feda. E portanto, quando fede, deixa de ter vontade de foder. Mas depois de ler este poema do Otacílio Batista Patriota, passei a dar outro valor ao peido. Fiquei tão entusiasmado que tive vontade de petiscar uma peida peidosa.

O valor que o peido tem


O peido é bom toda hora
Sem peido não há quem passe
A criança quando nasce
Tanto peida como chora
Um peido ao romper da aurora
Eu não troco por ninguém
Há noites que eu solto cem
Peidos grandes e pequenos
Já conheço mais ou menos 
O valor que o peido tem 

Um velho já moribundo 
Nas agonias da morte 
Soltou um peido tão forte 
Que se ouviu no outro mundo 
O peido gritou no fundo 
Que só apito de trem 
O velho sentiu-se bem 
Levantou-se no outro dia 
Dizendo a quem não sabia 
O valor que o peido tem 

Pela porta do bufante 
Para não morrer de volvo 
Diariamente eu devolvo 
peido grande a todo instante 
O sujeito ignorante 
Não me compreende bem 
Fecha a porta do "sedem" 
Deixa o peido apodrecer 
Esse morre sem saber 
O valor que o peido tem 

Um peido silencioso 
Por baixo de um cobertor 
É tão grande o seu valor 
Que descrevê-lo é custoso 
Cheira mais que o mais cheiroso 
Vale de Jerusalém 
As roseiras de Siquem 
As savanas do Saara 
Nada disso se compara 
O valor que o peido tem 

Ofende muito a pressão 
peido grande encarcerado 
Deixa o corpo aliviado 
Depois que sai da prisão 
As veias do coração 
Controlam-se muito bem 
Sente o coração também 
Uma alegria sem par 
Ninguém sabe calcular 
O valor que o peido tem 

Uma dor que faz mudar 
A cadencia dos ouvidos 
São os peidos recolhidos 
Que você não quis soltar 
Não vá se... prejudicar 
Em respeito a seu ninguém 
O velho Matusalém 
Quase mil anos viveu 
Porque toda vida deu 
O valor que o peido tem 

Um negro foi se casar 
Ou se casava ou morria 
Peidou tanto neste dia 
Quase derruba o altar 
A noiva foi reclamar 
Findou peidando também 
O padre disse meu bem 
Ninguém dar mais do que eu 
O valor que o peido tem 

Peido azedo de água soda 
Fede a casca de limão 
E de jabá com feijão 
Passa folgado na "roda" 
Peido nenhum se encomoda 
Com censuras de ninguém 
Presta um favor quando vem 
Aliviar quem padece 
É quando a gente conhece 
O valor que o peido tem 

Peido fedendo a chulé 
Num samba de madrugada 
Sai com tanta misturada 
Que ninguém sabe o que é 
Mais um peido de Pelé 
Jogador que vive bem 
Passa veloz no vintém 
Não há goleiro que pegue 
Nenhum bom juiz que negue 
O valor que o peido tem 

Que prazer eu não teria 
Se um peido se apresentasse 
Bem fedorento e peidasse 
Deixando a fotografia 
Mas o peido não confia 
Nos olhos de seu ninguém 
São mistérios do além 
Não posso compreender 
Mas vale a pena saber 
O valor que o peido tem 

Um peido em pleno verão 
Cheirando a cú de veado 
"Tava" sendo arrematado 
Numa festa de leilão 
Quando chegou num milhão 
Não quis mais gritar ninguém 
Naquilo o prefeito vem 
Dizendo a honra me cabe 
Minha prefeitura sabe 
O valor que o peido tem 

Dizia o velho Abranhão 
Para seu neto Isau 
O peido agradece ao cú 
Depois que sai da prisão, 
Peidava um tal de Sansão 
Pelado, e cego de guia 
Temendo a onda bravia 
Moisés peidou no oceano 
E o papa no Vaticano 
Só peida uma vez por dia 

Alguém disse que Jacó 
Quando casou com Raquel 
Passou a lua de mel 
Peidando de fazer dó 
Esse parente de ló 
Era genro de Labão, 
Davi, pai de Salomão 
Poeta, Rei e pastor 
Peidava fazendo amor 
Na cama fria do chão. 

O homem velho esmorece 
Assim que a noite aparece 
Se deita e faz uma prece 
Lá num canto da parede, 
Meia noite se levanta 
Com secura na garganta 
Pega um caneco de "frande" 
Vai ao pote mata a sede 
Solta quatro peido grande 
Volta cegado prá rede. 

Peido fino é safadeza 
Peido alto é cretinice 
Peido suave é meiguice 
Peido baixo o é sutileza 
Silencioso é firmeza 
Peido brando indica paz 
O grosso é dos anormais 
Sempre indica frouxidão 
Mas chegando a perfeição 
O homem não peida mais.
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2 comentários:

  1. Não gosto de peidos nem de peidas. Gosto doutras coisas menos sonoras, ihhihhi

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    1. gostas de quê? pichas? pachachas? se não fizerem barulho, não valem um caralho

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